segunda-feira, 27 de setembro de 2010

VI-VA-EU-VI-VA-TU-VIVAO-RA-BO-DO-TA-TU!


Quinta-feira, 19 de Agosto de 2010

Aula da 4ªD.
Não preciso dizer que é a sala mais problemática da escola, né?
Trinta e cinco alunos e acredite, vale a pena ressaltar, doze não alfabetizados.
Era pra ser aula de informática, os alunos estavam eufóricos.
Acabei de montar a sala, os computadores estavam na escola desde 2007 mas não tinha ninguém que colocasse a mão na massa pra botar pra funcionar. Ficou combinado que eu daria as aulas de informática semana sim, semana não.
Liga tudo, desloca a molecada pra sala e... BUM! Desligam-se todos os computadores.
SO-BRE-CAR-GA-DE-E-NER-GI-A. Disse o técnico.
E agora, faço o que com os guris?
VI-VA-EU-VI-VA-TU-VIVAO-RA-BO-DO-TA-TU! Era essa a oportunidade perfeita.
Então propus a música a eles e que descêssemos para o pátio cantando e ao meu sinal a altura fosse diminuindo e aumentando. Eles adoraram, principalmente a parte de gritar, é claro!
Sabia que tinha um depósito e que lá poderia achar algo.
Encontrei 28 potes de plástico, desses de merenda que são descartados depois de um tempo de uso.
35 alunos. 28 potes. Problema.
Em outro depósito (o que não falta em escola do estado é depósito), lembrei que tinha visto um armário azul cheio de instrumentos de percussão. Estavam quase que todos destruídos, sobraram alguns chocalhos, pratos e reco-recos. Mas tá valendo!
Mãos dadas círculo sentados caneca na mão e no chão e no ar e na cabeça do fulano e em cima do telhado e em baixo da blusa menos no chão.
Mas ficou um bate pote tão grande que nem se eu tivesse um megafone - Nossa! Que boa idéia, vou comprar um - eles não iam me escutar.
Depois de uns 10 minutos batendo os potes eles foram diminuindo, eu não sei se foi por que enjoaram ou se foi dó de mim. Tendo a acreditar que foi a segunda opção.
Agora sim!
Primeiro canta, segundo passa e canta, terceiro passa, canta e bate palma.
Parei no segundo. Até passar tava difícil.
Mais dez minutos de revolução musical. Acho que eles já tinham esquecido que tinham tido dó de mim na primeira vez. Poxa.
Profª Marina veio em minha direção oferecer socorro. Ufa!
Esquece o VI-VA-EU-VI-VA-TU-VIVAO-RA-BO-DO-TA-TU!
ESCRAVOS DE JÓ deve ser mais fácil, disse ela. Deveria, pelo menos.
Não foi. Ok? Não foi.
Vinte minutos daquela parte barulhenta da qual já lhes falei.
Impressionante como eles não cansam.
Aula acabou.
Eu, derrotada, só o pó e a poeira.
Eles, renovados. Felizes.
Acho que a aula foi perfeita...

Um comentário:

  1. Oi Ju
    Tô aqui em casa lendo o seu blog com minha filha que é professora de artes também e nos matamos de rir e ela disse: Mãe , lendo isso a gente vê a escola com outros olhos.
    A gente vê como uma oportunidade de escrever um livro muito divertido.Ela quer lêr os próximos capítulos.
    Bjs
    Júnia

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