sábado, 30 de outubro de 2010

Um olhar sobre as funções e significados das práticas musicais na escola. Texto publicado para o curso da Osesp.

Mas eu acho tão difícil isso! Função e significado.

Cada um dá uma função diferente para o que se aprende.
Pra cada um que aprende e pratica, aquilo que se pratica tem um significado diferente.
Muitos alunos, ao "praticar" música, não se envolvem, não se deixam apreciar seu momento de percepção. Por x, y, z motivos.
Por esse, não consigo criar uma atividade/jogo já pensando no que devem prestar mais atenção ou o que deveriam aprender.
Crio com o único intúito de que eles se percebam, como parte integrante daquele momento. Não só como observadores, gosto que eles se sintam produtores e argumentadores, principalmente. Gosto que, no final, meus alunos se questionem - e me questionem - sobre o por quê dessa atividade e que cada um chegue às suas próprias conclusões, inclusive eu.
Uma coisa só e assimilada quando faz sentido e meu maior foco é que, de
alguma maneira, a coisa faça sentido pra eles.
É difícil pra mim, então, achar que uma atividade não deu certo. Pode não ter dado certo para alguns, mas para aquele menininho ali, sentado no canto, encostadinho com a cabeça na parede, com os olhinhos pra cima, pensando e batendo a caneta na carteira, pra esse menininho aí pode ter dado certo e muito. Posso, com minha pequena atividade "sem sentido" tê-lo provocado, de alguma maneira e feito com que ele pense cada vez mais. Reflita sobre si mesmo e sobre as maneiras pela qual ele pode dizer o que sente e pensa.
Isso pra mim é a final de um campeonato. Não sei se vou sair campeã ou não, já que os resultados do meu trabalho podem aparecer bem depois, num momento que eu já vou ter esquecido desse meninho, e ele de mim. Mas, quem tem que ganhar não sou eu. Prefiro ficar com a medalha de prata e ele com a de ouro.

Juliana Idrani.

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

O video da visita, como prometido!

Visita à Sala São Paulo. Que emoção!

São Paulo, 20 de Outubro de 2010.

Só Deus sabe o trabalho que deu organizar essa visita à Sala São Paulo. Misericórdia!
Na semana anterior à visita foi entrega de notas e diários (Psiu, cá entre nós, eu tenho 25 diários, entre Estado e Prefeitura). Pra melhorar a situação na semana da visita os alunos teriam aula só dois dias. Segunda e terça era conselho. Quarta não veio quase ninguém (nem me lembro por que). Entreguei as autorizações na quinta pra me trazerem na própria sexta do passeio (Doida!).
Não consegui entregar as autorizações antes. Por quê? Pasmem, as duas impressoras da escola quebradas! Agora, me diga lá, como é que eu imprimi as autorizações? Numa impressora matricial (se você não lembrar o que é uma impressora matricial é só perguntar pra sua avó ou pro Google que eles te dizem). Demorei um dia inteiro.
Ah, mas eu não contei da briga! Tive de selecionar os alunos que iriam à visita. Ficou acordado que daríamos prioridade às quartas séries e às salas das professoras que se propuseram a ir à visita acompanhando aos alunos, mas, porém, contudo, todavia, no entanto, as 4ªB e D não tinha ido a passeio algum então decidi colocar todos os alunos destas séries. Imagina umas professoras bravas por que as salas delas não iriam. Tava dando quase matéria na Record! Fui chamada de mentirosa, tratante e trá-lá-lá! Adoro elogios! No fim das contas deu tudo certo. Botei os alunos da “teacher” malcriada na parada.
A visita era na sexta-feira e eu não dou aula na escola nesse dia. Tive de pedir/implorar pra minha mãe ficar com os meus pequenos. Conta até dez e respira fundo!
Cheguei mais cedo no Estado por conta de receber as autorizações. Muitas caras feias das inspetoras da Prefeitura já que tive abandonar o barco mais cedo lá. Marquei onze horas. Minha coordenadora coitada nem pôde me ajudar, estava recolhendo o dinheiro pra outro passeio que estava acontecendo na escola.
Se eu contar vocês não acreditam. Tinha aluno que não iria pro passeio mas foi pra porta da escola esperando desistentes! Não esperava tanto!
“Bora” pro ônibus. Soca todo mundo lá. Conta e reconta. Tudo certo.
Me impressionou os rostinho deles olhando a cidade. Muitos deles só conhecem o próprio bairro. Ver a metrópole, seus arranha céus, seus mendigos, o rio imundo, as marquises que são casas, seu vaivém de carros, seu caos. Tudo isso os impressionou, os intrigou.
Vale a pena contar uma coisa. Quando a gente pensa em passeio de ônibus de excursão logo vem na cabeça uma música: “Motorista, motorista, olha a pista, olha pista, não é de salsicha, não é de salsicha, lálálá!” Para meu espanto as coisas mudaram. Agora a musica que se canta é: “Ô motorista, pode correr, que a quarta série não tem medo de morrer!” Choquei!
Na Sala São Paulo Correu tudo bem! A chegada, a espera pra entrar, a entrada. Tudo muito organizado. Os comentários dos alunos foram pérolas! Deveria ter anotado!
“ – Nossa, que lindo! Queria morar num lugar assim!”
“ – Prô, mora gente aqui?”
“ – Eles aceitam a gente se a gente pagar aluguel certinho?”
“ – Esse prédio deve ter sido feito só por máquinas, gente não faz uma coisa linda dessas.”
Já dentro da sala de concertos, o terceiro sinal não dava nunca! Já estavam impacientes. Ufa, começou!
Nunca vi os bichinhos tão quietos e atentos.
Na saída conversei melhor com eles e fiz algumas entrevistas que documentei em vídeo. Só me falta tempo pra publicá-las no blog.
As opiniões foram as mais diversas. Mas em geral gostaram. Há um estranhamento, é claro, mas que com o tempo vai sumindo. Espero.
Ai, dá pra trabalhar tanta coisa, o difícil é organizar. Só o fato da regência (tema principal do espetáculo/concerto) já abre um leque imenso de possibilidades. Na verdade teria que pensar (não ando tendo tempo disso, ta tudo sendo no tapa, na pressa e sem vaselina), organizar e planejar principalmente. Aula jogada não dá certo. Tudo tem que estar amarradinho, senão dá nó sego e ninguém desata. Vou aproveitar as férias que se aproximam pra ano que vem já começar com tudo meio programado. Será que eu consigo? Vou ter que pagar pra ver.
Só pra terminar, na volta da Sala São Paulo os elogiei pelo comportamento e perguntei se gostariam de voltar mais vezes. Resposta afirmativíssima. Quantas vezes eu levar eles querem ir.
Se depender de mim, vão sempre.

Juliana Idrani.

domingo, 17 de outubro de 2010

Fotos dos alunos da EE João de Melo Macedo saindo da Sala São Paulo.

Profª Marina "Bilu" e a 4ªD.

Alunos da 4ªC.

Alunos da 4ªD.

Da esquerda para a direita: Alunas - Mônica, Gabriela e Juliana.
Porfessoras "inseparáveis" - Silvana e Dayse.

Na fila em pé os alunos da 4ªA e sentadinhos o 3ºA e a 3ªD.

A 4ªA cansadinha de tanto esperar os ônibus para irem embora.

A Professora Silvana e a nossa "maravilhosa" inspetora de alunos Marisa!

A 4ªB.

Agradeço às professoras Dayse, Silvana I, Silvana II, Marina e à nossa querida inspetora Marisinha por todo apoio que recebi nessa empreitada. Vocês são maravilhosas!
Aos alunos só tenho que parabenizá-los. Vocês foram o exemplo de crianças educadas e interessadas. Vou guardar pra sempre cada olhar brilhando que percebi durante a apresentação.
Só tenho que me orgulhar de vocês, que eu amo tanto!
Beijocas. Profª Ju.






segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Um texto interessante do transcrito do blog - http://musicadiscreta.blog.uol.com.br.

Da Crítica e do Ensino Musical ou POR QUE NOSSOS INTELECTUAIS TEMEM A MÚSICA?

Há uma espécie de pavor secreto e silencioso que assalta educadores, profissionais e pesquisadores de comunicação quando o assunto é música. Via de regra, o remédio paliativo para esse desconforto, que aflige indistintamente professores, jornalistas e acadêmicos, é a mistificação.

Mão Guidoniana (sinais manuais para simbolizar as notas) - Manuscrito do século XV

Transcrevo a seguir uma inquietante reflexão da musicóloga portuguesa Maria Alzira Seixo acerca da linguagem musical e suas ainda mal compreendidas especificidades sígnicas.

Fragmento da partitura gráfica de Fontana Mix, do norte-americano John Cage (1912-1992).

[...] a música é uma arte “à parte”: na formação implicada pela cultura geral (a música é a única arte que não diz rigorosamente nada, quando todas as outras figuram significações particulares de apreensão imediata a determinado nível) e na formação específica conducente a uma prática (para produzir literatura, parece bastar saber escrever; para produzir a maioria das artes plásticas, parece bastar saber manejar certos objectos com características impressoras, de modo a desenhar um traço, manchar uma cor ou marcar um material moldável; ora para produzir música há que atravessar uma barreira de séria iniciação que é a da notação musical e das suas regras).


O compositor vienense Arnold Schoenberg (1874-1951)

Assim, a música aparece em geral como uma arte de prática mais distanciada das hipóteses de produção comuns. Por outro lado, a sua percepção incorpórea, não objectual, é difícil de ser trabalhada criticamente no plano amadorístico e não pode facilmente ser desviada do tipo de recepção especializado (ou, mais latamente: “alfabetizado”), a não ser em termos emocionais, psicológicos, de puro gosto não intelectualizado, de empatia sem efectiva intelecção.

Assim, há uma espécie de “terrorismo” que a prática do envolvimento musical pratica e que faz com que, em certas situações, intelectuais brilhantes confessem apressadamente ( como quem se desculpa – ou como quem se afasta do problema; e é esta segunda atitude, que no fundo está na base da primeira, que radicalmente consideramos incorrecta) que “não percebem nada de música”, quando muito mais dificilmente confessarão que “não percebem nada de literatura”, ou “de pintura”, ou “de fotografia”, ou “de cinema”, ou de qualquer outra manifestação artística.

O compositor Hans-Joachim Koellreutter (1915-2005) e o pianista Sérgio Villafranca lêem a partitura esférica de Acronon

E cremos que tal sentimento de “terrorismo” reside principalmente no facto de que a música não põe de imediato uma significação à discussão (figura ou idéia), ou da consciência que se tem, pelo menos, de que ela não é contornadamente sensível. Já se disse várias vezes que a música é a arte do significante puro e que uma semântica musical só adentro do universo sonoro pode ser buscada (SEIXO, Maria Alzira: in SEMIOLOGIA DA MÚSICA).

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Outra versão - Cathy Berberian - Stripsody

Cathy Barberian - Stripsody

Uau! Sem palavras! Vivi, olha só especialmente pra vc! Video, partitura e voz! Yes!

Essa não poderia faltar! Hehe!

Quando busquei o vído no you tube a legenda era:
"Professora torturando os alunos na aula de música."
Kakaka! Rachei o bico!


Mussorgsky - Quadros de uma exposição.

Também está na apostilinha!
Aproveitem.

Kjetta - Grupo Terra Sonora

Mais um videozinho.

Grupo UAKTI - "O trenzinho caipira" de Heitor Villa-Lobos.

Vamos lá...
Segue vídeo do GRUPO UAKTI.
Não encontrei o Bolero de Ravel, mas achei "O trenzinho caipira" de Heitor Villa-Lobos.

Agradecimentos!

Gente, queria agradecer as pessoas que tem respondido ao meu constante chororo no fórum da Osesp! Vocês não sabem o quanto me conforta saber que não estou tão sozinha assim no planeta e que tem gente que consegue, apesar de tudo, dar uma aula de qualidade! Ai que invejinha! Hehehehe! Um dia eu chego la, ainda mais com a ajuda desses coleguinhas tão lindos que eu conheci. Ainda acho que a gente tinha fazer o vivaeuvivatuvivaorabodotatu com latinhas de cerveja um dia desses! Beijocas! Ah, desculpem, estão faltando uns acentos por que o computador aqui da escola esta lascado e o corretor ortográfico desse trem não corrige tudo.

Reflexões sobre a atividade de apreciação na sala de aula - 23/09/10

Reproduzindo o texto que postei no forum do Curso da Osesp...
"Ai Jesus, tô me sentindo frustrada! Sabe disso?É tudo tãaaaao lindo, tãaaaaao profundo, tudo tãaaaao legal!Mas não consigo colocar em prática tudo isso da forma tãaaaao legal que me é apresentada. (Não sei se apresentada é a palavra certa!) Meus alunos da Prefeitura de SP, por exemplo. Sexta série C, trinta e cinco alunos. Fiz uma pesquisa de repertório musical com eles e pedi para que fizessem a mesma pesquisa com pessoas de diferentes idades. (3 me entregaram a pesquisa pessoal e nenhum me trouxe a outra pesquisa.) Uops! E agora?Vou me basear pelos que trouxeram, e assim foi. Justin Bieber. Restart. Funk. Exaltasamba.Minha intenção era traçar um panorama da MPB junto com eles, mostrando onde tudo começou trazendo músicas desde Chiquinha Gonzaga, Donga, Lamartine Babo, Noel Rosa, Luís Gonzaga, João Gilberto, Chico Buarque, os tropicalistas, Tim Maia e Jorge Ben Jor, Elis, toda a trupe do rock dos anos 80, o Sertanejo e o rap dos anos 90, Marisa Monte, Ana Carolina, até o que há de mais recente no rock, pob, mpb e sertanejo nacional.Quando propus a atividade fui vetada na hora! Nem em sonho, não iam escutar nada, nadinha que não fosse o que eles queriam. (Ameaçaram quebrar o rádio!). Como eu já estava de saco cheio mesmo, de perder meu fim de semana me virando em duzentos, pesquisando que nem uma doida (me achando uma incompetente), pra tentar criar qualquer coisa muuuuuuuuito legal que eles pudessem cogitar a idéia de fazer, fui bem delicadinha, próprio da minha personalidade: " - Como sou eu quem manda aqui e quem trás o radio sou eu, vocês escutam o que eu quiser, na hora que eu quiser. Mas como sou muuuuuito boazinha, vou propor um trato com vocês. 20 minutos pra cada um. Ok? Ok."E assim está sendo. Eles mudos, calados. A não ser na hora que pedem pra eu mudar de faixa o quanto antes. E aí? Aborto a missão? Alguma sugestão?Meu discurso sempre é: " - Não peço pra vocês gostarem da música, só acredito que vocês deveriam conhecê-la." Discurso em vão.Nem todas as salas são assim neeeeeeesse nível, mas estão perto disso.A coisa é que é muito fácil planejar uma aula para alunos interessados, que estão ali por que querem e por que gostam. Agora, veja bem, planejar uma aula, levando em consideração que eles não querem NADA (em letras garrafais mesmo), aí é difícil."

- Hummmm, aí é pedir demais né, prô?


Quarta-feira, 01 de Setembro de 2010

EMEF Olavo Fontoura. Substituição da aula de artes. Professores regentes no Playcenter.
6ªD. Que ninguém nos ouça mas eles ainda não descobriram que estão numa escola. E se descobriram não contaram pra ninguém.
Lembrei que no meu carro estava o envelope que recebi quando fui à preparação para o evento didádico.
Um monte de papelada. Fotos bonitas e um CD.
É isso.
Peguei o CD Player e fui com fé/coragem!
Não é fácil encontrar esta sala quieta, mas desenvolvi uma técnica boa que tem funcionado a algum tempo.
Não entro na sala de aula enquanto eles não estão sentados e em silêncio. No começo demoro bem uns vinte a vinte e cinto minutos pra conseguir entrar. Na terceira semana eles já aprenderam e sentam assim que me vêem no corredor! Milagre? Sei lá. Provavelmente.
Mostrei o folheto com a imagem da Sala São Paulo e perguntei o que eles achavam daquele lugar e se gostariam de visitá-lo. Respostas todas afirmativas.
Perguntei se eles sabiam o que era aquilo e pra que servia aquele espaço. Teatro – unânime.
Expliquei que era uma sala de concertos e toda a ladainha. Perguntei se mesmo sabendo a utilidade daquele prédio se ainda gostariam de conhecê-lo. Um sim em alto e bom som. Nossa! Me surpreendi.
Depois de explicar toda a estrutura da orquestra perguntei se gostariam de escutar um exemplo do tipo de música que se toca neste lugar. Todos concordaram.
A tomada da sala funcionou? Nãaaaaaaao!
O rádio estava com o volume muito baixo? Siiiiiiiiiiim!
Os outros três, olha só, TRÊS rádios da escola estavam funcionando? Nãaaaaaaao!
Mas eu não me dei por vencida. Levei todo mundo pra sala da Rádio da escola. 35 num cubículo.
Não me deram trabalho. Escutaram com atenção e ponderaram sobre as diferenças entre as áreas da música.
E não é que pediram pra ouvir mais.
Quem sabe eles não descobrem que estão na escola e a que ela se propõe.
- Hummmm, aí é pedir demais né, prô?

VI-VA-EU-VI-VA-TU-VIVAO-RA-BO-DO-TA-TU!


Quinta-feira, 19 de Agosto de 2010

Aula da 4ªD.
Não preciso dizer que é a sala mais problemática da escola, né?
Trinta e cinco alunos e acredite, vale a pena ressaltar, doze não alfabetizados.
Era pra ser aula de informática, os alunos estavam eufóricos.
Acabei de montar a sala, os computadores estavam na escola desde 2007 mas não tinha ninguém que colocasse a mão na massa pra botar pra funcionar. Ficou combinado que eu daria as aulas de informática semana sim, semana não.
Liga tudo, desloca a molecada pra sala e... BUM! Desligam-se todos os computadores.
SO-BRE-CAR-GA-DE-E-NER-GI-A. Disse o técnico.
E agora, faço o que com os guris?
VI-VA-EU-VI-VA-TU-VIVAO-RA-BO-DO-TA-TU! Era essa a oportunidade perfeita.
Então propus a música a eles e que descêssemos para o pátio cantando e ao meu sinal a altura fosse diminuindo e aumentando. Eles adoraram, principalmente a parte de gritar, é claro!
Sabia que tinha um depósito e que lá poderia achar algo.
Encontrei 28 potes de plástico, desses de merenda que são descartados depois de um tempo de uso.
35 alunos. 28 potes. Problema.
Em outro depósito (o que não falta em escola do estado é depósito), lembrei que tinha visto um armário azul cheio de instrumentos de percussão. Estavam quase que todos destruídos, sobraram alguns chocalhos, pratos e reco-recos. Mas tá valendo!
Mãos dadas círculo sentados caneca na mão e no chão e no ar e na cabeça do fulano e em cima do telhado e em baixo da blusa menos no chão.
Mas ficou um bate pote tão grande que nem se eu tivesse um megafone - Nossa! Que boa idéia, vou comprar um - eles não iam me escutar.
Depois de uns 10 minutos batendo os potes eles foram diminuindo, eu não sei se foi por que enjoaram ou se foi dó de mim. Tendo a acreditar que foi a segunda opção.
Agora sim!
Primeiro canta, segundo passa e canta, terceiro passa, canta e bate palma.
Parei no segundo. Até passar tava difícil.
Mais dez minutos de revolução musical. Acho que eles já tinham esquecido que tinham tido dó de mim na primeira vez. Poxa.
Profª Marina veio em minha direção oferecer socorro. Ufa!
Esquece o VI-VA-EU-VI-VA-TU-VIVAO-RA-BO-DO-TA-TU!
ESCRAVOS DE JÓ deve ser mais fácil, disse ela. Deveria, pelo menos.
Não foi. Ok? Não foi.
Vinte minutos daquela parte barulhenta da qual já lhes falei.
Impressionante como eles não cansam.
Aula acabou.
Eu, derrotada, só o pó e a poeira.
Eles, renovados. Felizes.
Acho que a aula foi perfeita...

“Vâmo que vâmo”!



Sábado, 14 de Agosto de 2010

Hoje foi meu 1º dia de curso lá na Sala São Paulo! Ai, que emoção!
Fiquei um pouco receosa pois me inscrevi para o curso para professores com conhecimento musical e, pra falar a verdade, eu não tenho taaaaaaanto conhecimento musical assim! Mas beleza, “vâmo que vâmo”!
Sabadão, friaca, manhãzinha, cama quentinha.
Ai que droga, pensei eu, pra que eu fui inventar! Essa molecada nem ta aí pra mim. (Será?) Se eles soubessem o sacrifício que eu estou fazendo por eles. P. q. p.! Mas beleza, “vâmo que vâmo”!
Ônibus, metrô, caminhada, medo.
Uau! Que lugar lindo! Que organização! Gostei.
Mas teve uma coisa me preocupou realmente, uma placa bem intimidativa que dizia: “É proibido fumar a partir deste ponto.” Jóia! Agora sim eu tava lascada, com medo de não dar conta do curso e ainda por cima ter que dar a volta no planeta pra dar uma pitadinha e aliviar a tensão. Mas beleza, “vâmo que vâmo”!
Palestra, blá blá blá, envelope, papelada e nada de curso!
Aê! Agora sim! Sala bonita, grande, piso de madeira, pé direito alto – me lembrou a faculdade – e um montão de gente com cara de tudo, menos com cara de professor. Blá!
Ah, encontrei uma porção de gente da UNESP, também sem cara de professor!
Professora Viviane. Bonita, sotaque legal, curti, “néaaaa”!
Conversa vai, conversa vem, conversa volta.
Improvisação livre, direcionamento, repertório, melhor, pior, certo, errado. E aí? E aí f.
Tinham me dito que ia ter lanche. E teve!
Conversamos sobre nossos propósitos com o curso – qual o meu mesmo? – e fizemos uma oficina de música com copos. VI-VA-EU-VI-VA-TU-VIVAO-RA-BO-DO-TA-TU!
Mais um pouco de conversa. Retomamos o lance do improviso. Tudo certo, nada resolvido. Mas beleza, “vâmo que vâmo”!
Almoço. Ufa! Meu estômago estava grudando nas costas.
Cigarro. Ufa! Minhas unhas já tinham quase matado a minha fome.
Segunda etapa.
Caixa de instrumentos, trava-linguas, parlendas, composição, grupos.
E não é que deu certo? Ai, que emoção!
Tudo junto e misturado. E quem se arrisca a reger? Sempre tem um corajoso.
Realejo, trem fantasma, montanha russa.
Não necessariamente nessa mesma ordem. E será que tem ordem?
Olha a discussão do improviso de novo, gente!
Mas e aí, o que fica do primeiro encontro?
Ah, primeiro encontro é sempre primeiro encontro.
Medo, frio na barriga, ansiedade (até o primeiro contato, físico ou não).
Depois disso, medo, insegurança, o “pode não dar certo”, tudo para trás.
É tentativa e erro/acerto.
Meus lindinhos merecem, e como merecem! Lá no fundo eu tenho certeza que eles estão aí pra mim, nem que seja bem lá no fundo mesmo.
E... “vâmo que vâmo”!

Juliana Idrani.